Fontes de Recursos

Para financiamento de longo prazo e investimentos em todos os segmentos da economia brasileira, o BNDES dispõe de diversas fontes de recursos, apresentadas no gráfico abaixo:

 

Fonte: Apresentação à Imprensa – Fontes de recursos financeiros

Fontes governamentais, como o FAT e o Tesouro Nacional, representam parcela significativa da estrutura de funding do BNDES, respondendo por 64,4% das fontes de recursos em 31 de dezembro de 2023 (64,6% em 31 de dezembro de 2022), considerando nesse cálculo os passivos onerosos e o patrimônio líquido.

Recursos de outros fundos governamentais – como do Fundo da Marinha Mercante (FMM), do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de seu fundo de investimento (FI-FGTS); operações compromissadas; captações externas – via organismos multilaterais ou emissão de títulos (bonds); e emissões privadas de Letras Financeiras completam a estrutura de capital do BNDES.

Abaixo é apresentada uma visão geral das principais fontes de recursos do BNDES em 31 de dezembro de 2023:

Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

Desde 1988, a Constituição Federal determinou que parte da arrecadação do PIS-PASEP deveria ser destinada ao financiamento de programas de desenvolvimento econômico através do BNDES, para não apenas proteger o trabalhador desempregado, mas também para gerar oportunidades de emprego. Em 1990, com a extinção do Fundo PIS-PASEP e a criação do FAT, essa arrecadação passou a ser destinada ao FAT, que passou a representar a principal fonte de recursos do BNDES. Trata-se de fonte com custos compatíveis com o financiamento de longo prazo de investimentos em atividades produtivas. Atualmente, 28% da arrecadação do PIS-PASEP destinada ao FAT é transferida ao BNDES.

Os recursos captados por meio dessa previsão constitucional são identificados como “FAT Constitucional” e são remunerados da seguinte forma, a partir do advento da Lei Nº 13.483/2017, de 21 de setembro de 2017:

  • quando aplicados em operações de financiamento: no caso de financiamentos em reais pela TJLP e, para operações contratadas a partir de 1º de janeiro de 2018, pela TLP; no caso de financiamentos à exportação, pela Libor mais variação do dólar;
  • enquanto não aplicados em operações de financiamentos: pela Selic média descontada do percentual de 0,09% a.a.

Como não há previsão de devolução de principal – salvo em caso de insuficiência de recursos do Fundo, em cada exercício, para custear o programa de seguro-desemprego, o pagamento do abono salarial, o financiamento de programas de educação profissional e tecnológica, mas apenas o pagamento mensal de juros sobre os recursos não aplicados, e semestral sobre aqueles aplicados, o saldo do FAT Constitucional é considerado dívida subordinada, e parte dele é computada no cálculo do Patrimônio de Referência do BNDES. Entretanto, por meio da Resolução CMN n.º 4.679, de 31 de julho de 2018, posteriormente substituída pela Resolução CMN nº 4.851, de 27 de agosto de 2020, o montante relativo ao FAT reconhecido no Capital de Nível II do Patrimônio de Referência ficou limitado ao valor registrado em 30 de junho de 2018, sendo estabelecido um cronograma de redução gradual de 10% ao ano, a partir de 1º de janeiro de 2020, até sua completa exclusão em 2029.

Outra característica dos recursos do FAT Constitucional é o fato do BNDES ter livre decisão sobre a aplicação dos seus recursos, desde que seja em programas de desenvolvimento econômico, conforme determina a Constituição Federal.

Além das transferências constitucionais, o BNDES capta recursos do FAT sob a forma de depósitos especiais, denominado “FAT Depósitos Especiais”, que são remunerados atualmente pela TLP a partir da liberação dos empréstimos aos beneficiários finais e pelos mesmos critérios aplicados às disponibilidades de caixa do Tesouro Nacional, atualmente a taxa Selic, no caso de recursos ainda não liberados aos beneficiários finais. Além da remuneração, é devida amortização mensal.

Os recursos captados como “FAT Depósitos Especiais” são aplicados em programas e setores específicos, previamente determinados e aprovados pela Secretaria Executiva do Conselho Deliberativo do FAT.

O saldo de recursos do FAT era de R$ 402,145 bilhões em 31 de dezembro de 2023. Desse total, R$ 397,4 bilhões constituíam o FAT Constitucional e R$ 4,7 bilhões o FAT Depósitos Especiais. Em 2023 foram captados R$ 23,3 bilhões de recursos do FAT Constitucional.

Em maio de 2020, houve a transferência integral dos recursos do Fundo PIS/PASEP, no montante de R$ 20,7 bilhões, para a Caixa Econômica Federal, conforme MP 946/20, de 07/04/2020, que determinou a extinção do Fundo PIS-PASEP e a transferência de seus recursos para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como uma das medidas do Governo Federal para enfrentamento do estado de calamidade pública decorrente da pandemia do COVID-19.

Saiba mais sobre o FAT e sobre Fundo PIS-PASEP.

Tesouro Nacional

Em 31 de dezembro de 2023, as obrigações com o Tesouro Nacional totalizavam R$ 42,9 bilhões, equivalente a 6,2% das fontes de recursos do BNDES (7,3% em 31/12/22). Deste total, R$ 9,1 bilhões (21,2%) correspondem a instrumentos elegíveis a capital principal, que compõem o Patrimônio de Referência e cuja remuneração está atrelada a fatores como a existência de lucro contábil e o montante de dividendos pago ao acionista, e R$ 33,8 bilhões (78,8%) correspondem a operações de repasses.

Conheça detalhes sobre as captações e aplicações dos recursos do Tesouro Nacional.

Captações Externas

Além de diversificar e complementar as fontes de recursos, as captações externas permitem diluir riscos, incentivar outros emissores brasileiros e estreitar o relacionamento com a comunidade financeira internacional.

Desde 1953, o BNDES capta recursos no mercado internacional por meio de operações de emissão de bonds e, desde 1972, através de empréstimos junto a organismos multilaterais, agências governamentais e outras instituições.

Emissão de títulos externos – bonds

Emissão de títulos externos – bonds

Os bonds emitidos pelo BNDES têm juros prefixados determinados em processo de bookbuilding e amortização de principal em parcela única.

O saldo com obrigações em emissões de bonds em 31 de dezembro de 2023 totalizou R$ 2,4 bilhões. Não foram realizadas novas emissões de bonds em 2023.

Veja mais informações sobre os títulos externos emitidos pelo BNDES.

Operações com instituições multilaterais e agências governamentais

As captações junto a organismos multilaterais e agências governamentais são realizadas com instituições parceiras como Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Japan Bank for International Cooperation (JBIC), Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), Nordic Investment Bank (NIB), China Development Bank (CDB), Agence Française de Développement (AFD), Swedish Export Credit Corporation (SEK) e Instituto de Crédito Oficial (ICO).

Diferentemente dos recursos captados nas emissões de bonds, os recursos captados junto a essas instituições têm, geralmente, destinação específica a setores ou segmentos empresariais e devem atender às condições da instituição credora.

As principais vantagens dessas fontes são custo estável e prazo de financiamento mais longo em relação às captações de mercado, além de seu caráter anticíclico. Em momentos de escassez de recursos, marcados por crises internacionais ou por crises cambiais, os organismos mantiveram o nível de concessão de seus empréstimos.

O saldo dos empréstimos com instituições multilaterais e agências governamentais totalizou R$ 21,2 bilhões em 31 de dezembro de 2023.

Operações Compromissadas

Para cumprir seu papel de dealer, o BNDES realiza a intermediação de operações compromissadas, captando recursos de uma instituição financeira e repassando para o BACEN.

A captação junto à instituição financeira é uma operação de venda de títulos com compromisso de recompra (passivo). A aplicação do recurso no BACEN é uma operação de compra de título com compromisso de revenda. O saldo de operações compromissadas em 31 de dezembro de 2023 era de R$ 34,6 bilhões.

Outras Captações

Historicamente, o BNDES capta recursos por meio de fundos governamentais, na busca por fontes alternativas de recursos para apoio a projetos de investimento de longo prazo.

Em 31 de dezembro de 2023, o saldo total de outras fontes governamentais era de R$ 28,0 bilhões, cujos saldos mais relevantes são discriminados a seguir.

Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS)

Em dezembro de 2008, o BNDES realizou emissão privada de 700.000 debêntures mediante subscrição exclusiva pelo FI-FGTS, representado por sua administradora, a Caixa Econômica Federal. As debêntures têm remuneração de 6% a.a. e vencimento em outubro de 2029.
Os recursos captados foram destinados à aplicação em projetos de construção, reforma, ampliação ou implantação de empreendimentos de infraestrutura em rodovias, portos, hidrovias, ferrovias, energia, saneamento e aeroportos.

O saldo dos recursos em 31 de dezembro de 2023 era de R$ 567,2 milhões.

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)

Em 2008, para pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio referente aos exercícios de 2006 e 2007 ao Tesouro Nacional, o BNDES adquiriu, mediante financiamento, títulos públicos federais junto ao FGTS.
O empréstimo tem atualização pela Taxa Referencial (TR), taxa de juros de 4,8628% a.a. e vencimento em dezembro de 2026.

O saldo dos recursos em 31 de dezembro de 2023 era de R$ 1,1 bilhão.

 

Fundo de Marinha Mercante (FMM)

Destinado a prover recursos para o desenvolvimento da Marinha Mercante Nacional, bem como, complementarmente, para a construção de navios auxiliares e hidrográficos ou oceanográficos para a Marinha do Brasil, objetivando o atendimento das necessidades e segurança do transporte hidroviário.

Em 31 de dezembro de 2023, o montante de recursos do FMM disponível junto ao BNDES e de aplicações em operações de financiamento com risco BNDES alcançou R$ 18,4 bilhões.

Fundo Amazônia

Em 31 de dezembro de 2023, o total de recursos do Fundo Amazônia, destinados ao financiamento de projetos para prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia, era de R$ 4,6 bilhões, líquido da parcela de 3% destinada à cobertura de custos.

Veja mais informações sobre os recursos financeiros do Fundo Amazônia.

Fundo Clima

O Fundo Clima é um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima e tem a finalidade de garantir recursos para apoio a projetos ou estudos de financiamento de empreendimentos que tenham como objetivo a mitigação das mudanças climáticas.

O saldo dos recursos em 31 de dezembro de 2023 era e R$ 2,7 bilhões.

Veja mais informações sobre o Fundo Clima aqui.

Patrimônio Líquido

Em 31 de dezembro de 2023, o patrimônio líquido totalizou R$ 151,3 bilhões, decorrente do lucro líquido do período de R$ 21,902 bilhões e do ajuste de avaliação patrimonial positivo (R$ 7,305 bilhões), atenuados pela destinação de dividendos/JCP complementares referentes aos exercícios de 2022 no montante de R$ 4 bilhões e pelo registro de dividendos mínimos obrigatórios referentes ao exercício de 2023, no montante de R$ 5,202 bilhões.

As Notas Explicativas do Sistema BNDES estão disponíveis aqui.

Última atualização: 18 março, 2024